A busca pela neutralidade de carbono está ocorrendo em todo o mundo. Ultimamente, temos postado diversos artigos que mencionam indústrias ao redor do mundo inovando a sua estrutura para alcançar o net zero.
Os setores industriais têm sido motivados a buscar soluções que cumpram as regulamentações que direcionam o negócio a uma prática mais sustentável.
No Brasil, o país começa a estruturar um ecossistema capaz de medir, reduzir e compensar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) com impactos positivos para a indústria e a sociedade.
O presente artigo tem como objetivo discorrer sobre como o Brasil está se movimentando rumo à descarbonização por meio de marcos legais, precificação do carbono, inovação digital e, claro, com o apoio de tecnologias industriais como os inversores de frequência.
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O mercado de carbono regulamentado e suas implicações práticas
Vamos dar início a este tópico lembrando o que ocorreu em dezembro de 2024: o Brasil deu um passo significativo com a sanção da Lei 15.042/24, que criou o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE). Trata-se de um mercado regulado que exige das empresas com emissões superiores a 10 mil toneladas de CO2 equivalente o relato anual de inventário de emissões, abrindo espaço para o uso de créditos de carbono como ferramenta de compensação.
Simultaneamente, o fortalecimento da Lei do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) estabelece mecanismos para remunerar propriedades rurais que promovem a conservação ambiental.
Com isso, cria-se um ambiente fértil para que produtores transformem áreas preservadas em ativos financeiros.
Além disso, dados do IBGE mostram que 61% das propriedades rurais do Brasil já adotaram a áreas de preservação, e isso revela um importante potencial para a geração de créditos de carbono, além de estimular práticas agrícolas sustentáveis.
A precificação do carbono na agropecuária e os desafios econômicos
Em um recente estudo publicado na Revista de Economia e Sociologia Rural, a Embrapa Territorial, analisou dados de 32 pesquisas internacionais para definir um valor de referência do carbono no setor agropecuário brasileiro.
O resultado médio foi de US$ 11,54 por tonelada de CO₂ equivalente (tCO₂e), com variações expressivas entre US$ 2,60 e US$ 157,50/tCO₂e.
O estudo em questão revelou, também, que o Produto Interno Bruto (PIB) e a participação da agricultura na economia são fatores determinantes no custo da emissão. Neste contexto, países com maior PIB tendem a apresentar preços mais baixos de carbono.
Ademais, o uso de fertilizantes nitrogenados, que são comuns na agricultura intensiva, acrescem as emissões e, com isso, influencia o valor da tonelada de CO₂.
“O que isso quer dizer?” – se você não entendeu, não se preocupe.
Resumidamente, isso reflete a necessidade urgente de tecnologias e processos mais limpos, que contribuam não só para o sequestro de carbono, mas também para a redução direta das emissões.
O papel do inversor de frequência na redução das emissões
A eficiência energética tem sido uma das estratégias mais eficazes para mitigar o impacto ambiental no âmbito industrial.
Neste contexto, o inversor de frequência vem como uma ferramenta tecnológica de referência para quaisquer indústrias, visto que o mesmo controla a velocidade e o torque de motores elétricos que acionam bombas, ventiladores e compressores, permitindo que a potência utilizada seja coerente com a demanda do processo.
Por meio da redução do consumo de energia proveniente da regulagem dinâmica do inversor de frequência, tem-se a redução das emissões de CO2 naqueles casos em que a energia é gerada a partir de fontes fósseis.
De acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia, a simples adoção de inversores de frequência pode gerar uma economia de energia de até 40% em processos industriais.
Especificamente em setores como saneamento, refrigeração, papel e celulose e mineração, onde o uso de motores é intenso, o impacto na pegada de carbono pode ser ainda mais expressivo.
Além disso, é relevante frisar que muitos programas de eficiência energética, inclusive os ligados a meta ESG, já adotam a instalação de drives de frequência como medida técnica validada para redução de emissões indiretas.
A digitalização da compensação: o caso do aplicativo Carbono Neutro
A digitalização está ocorrendo nas grandes empresas e a oportunidade de tornar o país mais “limpo” não poderia ser deixada de lado.
Um exemplo de como a tecnologia tem transformado o engajamento ambiental é o aplicativo Carbono Neutro, desenvolvido pela RDG Eco Finance.
Essa ferramenta permite que empresas e pessoas físicas calculem sua pegada de carbono individual e compensem as emissões por meio da compra de créditos certificados, com rastreamento completo da aplicação dos recursos.
O que destaca a plataforma é a conexão direta com produtores rurais e projetos sustentáveis, tais como o manejo regenerativo, reflorestamento e conservação ambiental.
Assim, a compensação se transforma em investimento direto no campo, visto a criação da conexão entre o consumidor urbano e o produtor sustentável.
Além disso, o aplicativo permite a aquisição de CPRs Verdes (Cédulas de Produto Rural lastreadas em serviços ambientais), o que promove um modelo transparente de mercado onde a responsabilidade climática gera valor financeiro.
Um Brasil mais verde exige integração entre setores
A combinação de políticas públicas, ciência, agricultura sustentável e tecnologia industrial cria, então, uma infraestrutura climática que demonstra sinais de que o Brasil está lutando para alcançar os índices propostos pela regulamentação do mercado de carbono.
No agronegócio, há espaço para gerar créditos com áreas preservadas e práticas regenerativas. Na indústria, o uso de inversores de frequência e outras soluções de automação permite a descarbonização ativa dos processos produtivos. Na sociedade, aplicativos como o Carbono Neutro democratizam o acesso à compensação e engajam o consumidor em uma nova economia verde.
O movimento que alia o agronegócio, tecnologias (inversor de frequência e digitalização) e outras soluções de automação permite a descarbonização ativa dos processos produtivos.
Contudo, é evidente que engenheiros e técnicos capacitados tomem decisões cada vez mais estratégicas, tanto na medição quanto na execução de projetos voltados à transição energética e climática.
Portanto, o desafio de zerar as emissões líquidas de carbono no Brasil passa pela colaboração entre campo, indústria e consumidor final, utilizando tecnologias e estratégias que sejam eficientes para o contexto geral.