A indústria global já está em curso. As tecnologias digitais, inteligência artificial, automação avançada e novas formas de controle estão estão convergindo a um novo modelo de manufatura.
Isso materializa o que antes era apenas uma visão de futuro em linhas de produção mais inteligentes, seguras, autônomas e conectadas.
E para ilustrar esse cenário, mencionamos três movimentos tecnológicos: o metaverso industrial, a entrada de robôs humanoides em ambientes produtivos e a virtualização de controladores produtivos lógicos programáveis (CLPs) integrados à inteligência artificial (IA).
Empresas de referência como Siemens, Mercedes-Benz e Audi estão implementando esses avanços em seus centros de inovação.
Neste artigo, vamos explorar como o novo paradigma industrial está sendo moldado por essas iniciativas.
Contents
A consolidação do metaverso industrial
Por meio de uma parceria entre a Siemens e S&P Global Market Intelligence, foi realizada uma pesquisa global com mais de 900 profissionais da indústria.
O resultado dessa pesquisa mostrou que cerca de 81% das empresas industriais já estão utilizando, testando ou planejando implementar tecnologias relacionadas ao metaverso industrial.
E quando o assunto é metaverso digital, considere os gêmeos digitais (digital twins), inteligência artificial e Internet das Coisas (IoT), os quais são aplicados a áreas como desenvolvimento de produtos, operações fabris, força de trabalho e cadeia de suprimentos (supply chain).
Embora pareça simbólico, esse movimento mostrou que no ano anterior (2024), 62% das empresas aumentaram seus investimentos nesse tipo de tecnologia, sendo que 30% delas aplicaram mais de US$10 milhões por ano.
Desta forma, fica claro que há uma tendência para que as indústrias migrem de pilotos isolados para implementações completas, com soluções integradas que permitem maior eficiência, precisão e resiliência.
Geograficamente, os EUA e a China lideram a adoção, seguidos por Alemanha, Reino Unido, Canadá, Índia e Austrália.
Quanto aos setores de produtos industriais, eletrônicos e alimentos e bebidas, o uso do metaverso industrial já começa a trazer ganhos concretos, que se apresentam por simulações digitais de processos, otimização em tempo real com base em dados sensoriais e modelos preditivos.
Robôs humanoides na linha de produção
Em sua unidade de Berlim, a grande empresa Mercedes-Benz iniciou um projeto pioneiro em direção a modernização tecnológica, utilizando robôs humanoides da startup norte-americana Apptronik.
O objetivo é, em primeiro instante, automatizar tarefas repetitivas de intralogística, como o transporte de componentes até a linha de montagem.
O Apollo — nome dado aos robôs humanoides — está sendo treinado pela equipe de engenharia de Mercedes através da realidade aumentada e teleoperação, permitindo que o mesmo não só transporte peças, mas também realize inspeções visuais e colete dados em tempo real.
O investimento da montadora nesse projeto reforça o compromisso com a inovação e o método utilizado reflete na evolução da interação homem-máquina, visto o potencial de criar sistemas assistivos flexíveis e inteligentes.
O investimento — que acumulou US$ 403 milhões em uma rodada de investimentos na Apptronik — reforça o compromisso com a inovação. O projeto se integra ao Mercedes-Benz Digital Factory Campus, centro global de inovação em produção e digitalização.
Esse mesmo campus também está sendo preparado para fabricar motores elétricos de fluxo axial, adquiridos com a compra da britânica Yasa. São mais de 100 processos envolvidos, sendo que 65 são inéditos para a Mercedes — e 35 são considerados novos para toda a indústria.
Combinando laser, colagem e inteligência artificial, a empresa já solicitou mais de 30 patentes referentes a essas tecnologias.
A virtualização dos controladores lógicos e a automação definida por software
A Audi, em parceria com a Siemens, também está revolucionando seus processos na fábrica de Neckarsulm, implementando a automação definida por software — método em que os controladores virtuais substituem o hardware tradicional. No centro dessa transformação está o Simatic S7-1500V, o primeiro CLP virtual com certificação de segurança funcional TÜV.
Neste viés, a montadora está virtualizando o chão de fábrica e integrando-o à infraestrutura Edge Cloud 4 Production para escalar e reconfigurar sistemas com agilidade, centralizar a gestão e reduzir a dependência de hardware físico.
Além disso, a Audi também tem utilizado algoritmos treinados para detectar respingos e imperfeições em solda por meio da inteligência artificial para inspeção óptica de soldas.
De acordo com a Siemens, os controladores são “o cérebro” das fábricas e virtualizá-los é um grande importante para integrar os níveis de tecnologia da informação (TI) e operação (OT).
No final de contas, os investimentos têm permitido ambientes industriais mais conectados e adaptáveis, que respondem com maior agilidade e elevam o nível da empresa no mercado competitivo.
A convergência entre tecnologia e engenharia
A convergência entre a tecnologia e a engenharia ganha destaque neste texto, onde as três iniciativas citadas — metaverso industrial, robôs humanoides e CLPs virtuais — alteram a perspectiva sobre as camadas física e digital da manufatura.
Neste cenário, o ganho é evidente: o chão de fábrica tradicional passa a ser um ambiente híbrido, onde simulações digitais, IA e automação flexível coexistem com operadores humanos e robôs colaborativos.
Para vocês, leitores que são engenheiros, técnicos e estudantes, isso representa uma mudança profunda na forma de projetar, operar e manter sistemas produtivos.
Além de que:
- A lógica de processos passa a ser orientada por dados, interoperabilidade e modularidade;
- As ferramentas como gêmeos digitais e IA não são mais acessórios experimentais, mas recursos integrados à rotina de produção.
- A formação multidisciplinar passa a ser requisitada, uma vez que a combinação entre conhecimentos em automação, ciência de dados, sistemas ciberfísicos e redes industriais tornam-se diferenciais para promover a engenharia do futuro.
Conclusão
Para esta conclusão, podemos trazer o que está no título deste texto: O futuro da indústria já está em movimento. E neste texto, nota-se que ele é alimentado por inovações concretas, não mais apenas projeções.
As empresas Siemens, Mercedes-Benz e Audi são apenas exemplos de que mostram que é possível transformar fábricas em ambientes mais inteligentes, sustentáveis e conectados, unindo automação, virtualização e inteligência artificial.