A logística industrial, no decorrer do tempo, vem sendo um departamento que, embora não pareça, tem impactado fortemente na redução do lead time de produtos.
Em outras palavras, estamos falando que a sua função é muito maior do que “pagar a produção”, como é comumente dito, através da alocação de matérias-primas do almoxarifado (estoque) para a linha de produção.
Assim, comumente são realizados eventos em times distintos, como o Kaizen, com o objetivo de aprimorar os fatores críticos desse setor, tais como o planejamento de matérias-primas.
Por esse motivo, o texto de hoje trata de discorrer 08 maneiras de fazer a gestão de matéria-prima de um modo eficiente, através de métodos nada impossíveis e práticos.
Portanto, fique por aqui até o final e obtenha ideias de como descomplicar a sua indústria.
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A relação entre o Lead Time e a gestão de matéria-prima
O gerenciamento industrial solicita uma perspectiva de otimização não só para os processos industriais e para a linha de produção, mas também para setores que, basicamente, os alimentam e controlam, como o planejamento e a logística.
A logística, neste contexto, refere-se ao departamento industrial que é responsável pela:
- Distribuição de produtos: garante que os produtos sejam entregues aos clientes, analisando rotas, métodos de transporte, coordenação de entregas, entre outros;
- Gestão da cadeia de suprimentos (supply chain): gerencia a cadeia de suprimentos, fazendo com que os materiais corretos estejam disponíveis no momento e no local certo, garantindo um fluxo contínuo de processo;
- Gestão de estoque: tem responsabilidade ao gerenciar o estoque de matéria-prima, produtos em processos e produtos acabados. Assim, tem-se o controle do fluxo de entrada e saída de materiais, minimizando custos de armazenamento e elevando a eficiência operacional;
- Gestão de resíduos: A logística também pode desempenhar um papel na gestão de resíduos, garantindo que os materiais sejam descartados ou reciclados de maneira adequada e ambientalmente responsável;
- Entre outros.
Desse modo, podemos observar que a eficiência logística pode ajudar a reduzir os custos operacionais, eliminando desperdícios, otimizando rotas de transporte, minimizando estoques desnecessários e melhorando a gestão de recursos.
Já o lead time, neste contexto, refere-se ao tempo de entrega do produto, considerando desde o momento em que esse produto é, de fato, comprado pelo cliente, após a sua oferta no mercado, até quando todos os itens, em forma de produtos acabados, chegam ao cliente.
Portanto, ao analisar ambas as definições e responsabilidades, nota-se o quão impactante é executar uma gestão eficiente de matéria-prima na indústria.
08 maneiras de fazer a gestão eficiente de matéria-prima
Abastecer a linha de produção nem sempre é tão fácil, ainda mais quando a área de estocagem de materiais não está a favor da sua equipe.
A falta de comunicação e a ausência de previsão de demanda podem ser grandes vilões nesse momento e, uma vez que não sejam controladas, pode ser tarde demais.
Por esses motivos e outros, decidimos fazer uma lista contendo 07 maneiras que confrontam a falha na gestão de matéria prima. Abaixo, fique com o conteúdo principal deste texto.
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Conheça o seu fornecedor
Quando falamos sobre conhecer o fornecedor, estamos falando também sobre a confiança.
O seu fornecedor não pode ser um que o “deixe na mão”, mesmo que haja uma demanda alta.
Além disso, faça visitas à empresa do mesmo, para que você entenda as operações, as dificuldades e, também, analise as possibilidades de reduzir custos durante a operação ou retrofit de equipamentos.
Isso será vantajoso para o seu fornecedor, visto a redução de desperdícios e paradas de máquinas e, também, trará benefícios à sua indústria, através de um acordo de redução de custos de MP.
Contudo, tenha em mente que esse estudo de payback em troca de uma ajuda, deve ser feito àquele fornecedor de confiança e que fornece-lhe uma MP essencial para o processo.
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Analise demandas e gargalos
Conheça o seu processo industrial. Veja quais são as situações, períodos, locais e etapas que você se depara com altas demandas e gargalos no processo.
Você pode contornar as altas demandas, por exemplo, através de pedidos de MP excedentes à carga planejada. A porcentagem excedente de matéria-prima pode variar de acordo com o histórico e a análise.
Já o gargalo é um indicador de onde ocorre o desperdício e falha de fluxo de processo e a solução deve ser direcionada a outras engenharias, como a industrial ou de processo.
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Utilize o Layout a seu favor
O layout de um setor impacta diretamente nas suas operações. Desse modo, é importante posicionar as matérias-primas de estoque em lugares estratégicos, sem que haja dificuldade de acesso, além de contribuírem para a redução do tempo de operação.
Por exemplo, mantenha materiais pesados e que implicam na ergonomia dos seus operadores, mais próximos de talhas, pontes rolantes, entre outros.
Além disso, considere a dimensão de empilhadeiras e paleteiras ao estimar os corredores.
Para visualizar se há desperdício de movimento, utilize ferramentas, como o diagrama de espaguete, para comparar a movimentação atual com a mudança otimizada de estoques. Afinal, tempo é dinheiro.
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Condições de armazenamento
Não deixe de considerar as condições de armazenamento da sua matéria-prima. Papéis celulose, por exemplo, devem ser mantidos em locais climatizados, pois estes envelhecem mais rapidamente quando submetidos ao calor e à umidade.
Caso sua indústria seja alimentícia, estude a viabilidade de se utilizar câmaras frias e túneis de congelamento para manter os seus produtos na temperatura adequada.
Não se esqueça que a matéria-prima (como frutas) influencia diretamente na qualidade do seu produto acabado (como bebidas lácteas).
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Controle a entrada e saída de materiais e o seu picking list
Não só o layout da área e os locais de armazenamento de matéria-prima devem ser controlados.
É importante também que você organize os seus documentos, como os picking lists (lista de materiais que serão alocados à produção, quando feito por operadores).
Além disso, a entrada e a saída de materiais deve ser monitorada, desde a sua chegada à empresa, até a sua ida para a linha de produção.
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Automatize o controle de estoque
Um sistema ERP (Enterprise Resource Planning) pode desempenhar um papel significativo na automação do estoque em uma indústria de várias maneiras.
Entre essas maneiras, citamos:
- Reabastecimento planejado: com base em parâmetros predefinidos, como níveis mínimos de estoque, um sistema ERP pode gerar automaticamente pedidos de reposição de estoque. Isso ajuda a evitar a falta de materiais essenciais e otimiza o processo de reabastecimento;
- Previsão de demanda: alguns sistemas ERP incluem módulos de previsão de demanda que analisam dados históricos de vendas e padrões de consumo para prever as necessidades futuras de estoque. Assim, tem-se uma gestão mais proativa do inventário e evita excessos ou faltas de estoque;
- Rastreabilidade: oferecendo recursos de rastreabilidade que permitem rastrear a origem e o histórico de cada item de estoque, o que é útil para garantir conformidade regulatória, recall de produtos e gestão de qualidade;
- Gestão de inventário automatizada: um sistema ERP pode automatizar o controle de estoque, rastreando automaticamente a entrada e saída de materiais com base em transações de compra, produção e vendas. Isso reduz a necessidade de monitoramento manual e minimiza erros de inventário.
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Padronização de processos de recebimento
Estabeleça procedimentos padronizados para o recebimento de matéria-prima, incluindo verificação de qualidade, registro de quantidade recebida e identificação adequada dos materiais. Isso ajuda a evitar erros e garantir a integridade dos produtos.
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Auditorias regulares de estoque (bônus)
Realize auditorias regulares de estoque para verificar a precisão dos registros de inventário e identificar discrepâncias ou problemas de contagem. Isso pode ser feito manualmente ou por meio de sistemas automatizados de leitura de códigos de barras.
Através desses passos, a gestão de matérias-primas pode vir a ser muito mais fácil e prática.
É claro que essas mudanças não vêm da noite para o dia. É preciso, antes de mais nada, realizar uma análise de Força x Impacto para visualizar o que pode ser feito com menor custo e que impacte mais fortemente a sua indústria.
Assim, obtém-se uma prioridade de ações que, através de um menor investimento, traga a sua indústria a um novo e melhor patamar.